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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Atenção Focalizada, Ondas Cerebrais e Meditação: a Mística Revisitada

Atenção Focalizada, Ondas Cerebrais e Meditação: a Mística Revisitada




Os benefícios da meditação para a saúde física e mental dos praticantes são conhecidos e reivindicados há séculos pelas várias tradições místicas e religiosas. Só recentemente, entretanto, a ciência está começando a entreabrir as portas do inconsciente e do místico pela análise do corpo físico, em especial, do cérebro, sede da mente e da consciência Estudos científicos têm demonstrado, de modo reiterado, que a atenção focalizada e a meditação são utilizadas como meio de se alcançar objetivos diversos: atingir níveis ainda mais profundos na prática meditativa, diminuir o estresse e a ansiedade, aumentar a habilidade de aprender com rapidez e com maior retenção, melhorar a memória, amplificar a intuição e a criatividade, aprimorar a atuação interpessoal e emocional em âmbito familiar, acadêmico e profissional e, finalmente, produzir o crescimento do que se poderia denominar de poderes místicos ou metafísicos.

Com base nos benefícios produzidos pela meditação, torna-se necessário esclarecer os fundamentos que embasam esta prática milenar. A meditação está alicerçada no âmago de culturas de povos da Antiguidade, passando pela tradição cristã e esotérica e chegando até nossos dias, revestida de novas ferramentas e da linguagem própria da época em que ela é praticada. Este artigo tem por objetivo divulgar conhecimentos atualizados relativos à atenção focalizada e aos padrões de ondas cerebrais necessários para se alcançar a meditação profunda. Ele se destina ao público em geral e, em especial, às pessoas interessadas em sua evolução espiritual.

A divulgação desse conhecimento justifica-se, uma vez que tanto a focalização da atenção quanto os padrões de ondas cerebrais estão relacionados, diretamente, ao estado mental de "mente em branco", estágio necessário para se atingir a meditação profunda. Além disso, tanto um como outro são pré-requisitos necessários para que ela ocorra, seja de modo consciente (estabelecimento de uma rotina rígida para a prática meditativa), seja de modo inconsciente pela simples prática de atos reiterados de devoção e de fé.

Este texto restringe-se à discussão da meditação egípcia, com ligeira referência à tradição oriental, que embasou vários estudos científicos sobre o funcionamento do cérebro. Serão apresentados exemplos de práticas meditativas do Antigo Egito e da Cabala hebraica, de difícil acesso ao público em geral. Examinaremos, em primeiro lugar, o conceito de atenção focalizada. Em seguida, passamos a discutir os padrões de ondas cerebrais e os tipos de tradições meditativas. Finalmente a meditação será apresentada como um meio de se desenvolver capacidades cognitivas, mentais e psíquicas das pessoas interessadas em sua evolução, em todas as dimensões de seu ser (físico, mental, emocional e espiritual), tudo isso em sintonia com os avanços científicos e tecnológicos de nosso tempo.

Desenvolvimento da atenção focalizada para a prática da meditação

Você sabe o que é meditação? Atualmente, já existe uma terminologia científica que define a meditação. No Brasil, o médico obstetra e pesquisador da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Roberto Cardoso, autor do livro Medicina e Meditação (MG Editores), publicou a definição abaixo de meditação, em “Brain Research Protocols”, um dos maiores grupos de revistas de neurociências do mundo. Segundo ele, a meditação “é um método auto-induzido que utiliza uma técnica específica, incluindo um artifício de autolocalização também chamado de âncora, utilizando o ‘relaxamento da lógica’ e levando a um relaxamento psicofísico”. Uma definição mais simples, sob a concepção egípcia, seria a seguinte: interiorizar-se, observar e conectar-se ao seu eu interior por meio de mantras e pela respiração, estabelecer uma intenção clara e parar de pensar. Do mesmo modo que a nossa definição e da maioria das definições das correntes místico-filosóficas existentes, a definição do Dr. Roberto Cardoso estabelece que a pessoa utiliza-se de uma técnica com um foco que pode ser um mantra, a respiração, uma imagem ou movimento específico para focar a mente e parar de produzir pensamentos.

A tradição egípcia utiliza a posição sentada, olhos fechados, pés descalços, cadeira de madeira, mãos sobre os joelhos, mentalização com palavras simbólicas em língua egípcia ou hebraica, com uma forte intencionalidade para com o objetivo que se pretende focalizar.

Segundo ainda o Dr. Cardoso, não se pode confundir meditação com técnicas de relaxamento, concentração, imaginação criativa, etc.. É importante não confundir meditação com relaxamento. Meditar é praticar um exercício mental de atenção focada, isto é, concentrar-se em alguma coisa, sem desvio da atenção e sem a emissão do cérebro.

São utilizados nesta discussão sobre a atenção focalizada os conceitos retirados do pequeno volume La Méditation en 10 leçons de Charles Groc de Salmiech. Paris, De Vecchi, 2005. Segundo esse autor que estudou a práticas meditativas orientais e se propôs a divulgá-las sem se ater a concepções religiosas ou esotéricas, a atenção é a faculdade que nos permite fixar o nosso pensamento sobre um objeto determinado durante certo lapso de tempo. A atenção é uma “tensão” em direção à mobilização da energia psíquica. Ela é a focalização do pensamento sobre um objeto determinado. Como tal, a atenção exige de nós atitudes ora passivas, ora ativas.

A atitude passiva é exigida, pois devemos estar receptivos à imagem ou idéia sobre a qual focalizamos o nosso pensamento. A atitude ativa, por sua vez, é requerida para registrar os detalhes e o todo do objeto de nossa meditação. A atitude ativa na focalização da atenção serve também para rejeitar as “distrações”, isto é, os elementos parasitas que tendem a invadir o nosso pensamento durante a meditação.

Assim, de acordo com o tipo de atitude assumida durante a atividade meditativa, podem-se distinguir dois tipos de concentração: a concentração emissiva e a concentração receptiva. A primeira permite-nos seguir o curso de nosso pensamento, sem que nos deixemos nos arrastar por eles, sem distrações. Se essa faculdade de concentração emissiva funciona mal, o encadeamento das idéias nos leva para longe de nosso foco e o tempo passa sem que o percebamos passar. Isto é particularmente danoso nas atividades escolares, acadêmicas e profissionais que exigem prazos e resultados. O ideal seria a pessoa continuar em atitude meditativa emissiva durante todas as atividades nas quais ela se envolve, focalizando intensamente a atenção no momento presente e em tudo o que ela faz.

Já a concentração receptiva, característica dos estados meditativos com objetivos místicos, permite-nos prolongar um ato consciente a fim de permitir que fiquemos inteiramente receptivos durante um período considerável de tempo. Por exemplo, é possível, por meio de treino adequado, ficar durante vários minutos sem que o cérebro passe à emissão. Essas duas formas de concentração representam dois aspectos de uma mesma faculdade cognitiva de domínio da mente. Este tipo de concentração receptiva é conseguido por meio de muito treino e afinco para se chegar a resultados satisfatórios.

Até recentemente, pensava-se que o cérebro humano não evoluía a partir de certa idade. Este mito caiu por terra ao ser comprovada cientificamente a neuroplasticidade cerebral. Em qualquer idade, o cérebro é capaz de formar novas sinapses nervosas e de aprender novas rotinas neurais. Esse fato é significativo e apresenta boas perspectivas para pessoas que desejam mudar o seu modo de pensar e de atuar no mundo, livrando-se de estruturas mentais obsoletas e prejudiciais ao cumprimento de sua missão no mundo. Além disso, a neuroplasticidade, capacidade que o cérebro tem de se reorganizar a partir de novos estímulos, apresenta uma oportunidade para pessoas que não tiveram nem tempo nem abertura para a prática meditativa durante a vida agitada com atividades profissionais e necessidades familiares e profissionais urgentes. O resultado decorrente da rotina meditativa é evidenciado por mudanças significativas no modo de pensar e de agir, em razão da evolução da consciência. Sugere-e a prática diária da meditação egípcia, aliada ao uso de efeitos sonoros, com a utilização de padrões de ondas específicas na meditação.

Para aqueles que não vivem ou viveram em mosteiros ou templos e que têm pressa em alcançar a elevação espiritual há novidades tecnológicas e científicas quanto às práticas meditativas. Cientificamente, tem-se utilizado a aplicação do “Modelo de Sistemas Não Lineares Abertos” de Ilya Prigogine, Prêmio Nobel de Química em 1977 por seu trabalho com crescimento e evolução. No caso da meditação, ele é aplicado nas tecnologias sonoras e visuais para reorganização e reestruturação do cérebro, fazendo os dois hemisférios cerebrais – direito e esquerdo funcionar sincronicamente e por ressonância, no mesmo padrão de onda. Essa reestruturação cerebral resulta na comunicação entre partes cerebrais que não estavam em comunicação ou em comunicação precária, por meio de criação de novas redes neurais.

No exterior, há várias tecnologias com estímulos sonoros e visuais, com apóio de estudos neurológicos e químicos, (http://www.centerpointe.com/holosync/, http://www.brainsync.com/shop/). No Brasil, há um laboratório em Belo Horizonte que oferece produtos e informações sobre a tecnologia aplicada à meditação e técnicas de radiestesia (http://www.mattron.com.br/produtos.htm)

A título de divulgação, o artigo de Patrícia Ribeiro (http://yogajournal.terra.com.br/show_yoga.php?id=198) também é bastante esclarecedor sobre meditação e ondas cerebrais. Ela registra em seu texto o reconhecimento institucional do Ministério da Saúde e de hospitais renomados na recomendação de sua prática para pacientes com problemas emocionais, ansiedade, hipertensão, problemas cardiovasculares e outros decorrentes da má administração do estresse e da gravidade que podem chegar.

Para uma vida saudável, é recomendável sono reparador e uso conjunto de práticas meditativas egípcias e a ferramentas neuro-tecnológicas (Holosync - com sons, especialmente de água de mar e de sinos; Brainsync e Mattron), para se produzir ondas cerebrais específicas à prática meditativa profunda em nível que se almeja alcançar.

As flutuações de sons, passando de ondas cerebrais normais (ondas beta) para ondas de freqüências mais baixas (ondas alfa) e outras ainda mais baixas como as teta e, finalmente as delta, ocasionam reestruturações neurológicas, com aumento do número e da dimensão de sinapses nervosas. Enfatizando o que foi dito acima, neuro-fisiologicamente, a reorganização do cérebro cria novas redes neurais, o que resulta na comunicação entre partes do cérebro, anteriormente desconectadas ou com interação deficiente.

As conseqüências desses impulsos nervosos aplicam-se desde a uma melhora nos estados de ansiedade e de estresse, atingindo-se altos índices de aprendizagem, principalmente de línguas, passando por uma significativa melhora na memória e no desempenho profissional, podendo culminar com o acesso a estados alterados da consciência e rápida aceleração espiritual.

Não estou fazendo apologia de produto algum. Não ganho nada com isso. O meu objetivo é tão somente divulgar essa informação que se encontra restrita a falantes de língua inglesa e a alguns poucos fóruns de discussão na internet do Brasil. Não acreditem em nada do que eu digo. Acessem a versão demonstrativa de cada produto e verifiquem por si mesmos se houve alguma mudança na maneira de você meditar e de entrar no estado da mente em branco.

Tipos de Meditações

No Ocidente, as tradições cristãs e as esotéricas também desenvolveram práticas meditativas. Cada uma dessas tradições as utiliza à sua maneira e ao tipo de convicção. Nos mosteiros, ela é praticada por aqueles que almejam alcançar níveis elevados de consciência e de iluminação. Esses seres iluminados pela evolução espiritual passam a ser denominados “santos” pelas instituições que os abrigam, após longo processo de canonização, como é o caso da igreja católica.

Entre nós, recentemente, a meditação tem atraído a atenção tanto de cientistas – para verificar as modificações ocorridas no cérebro, e conseqüentemente no comportamento – quanto de um número cada vez maior de pessoas interessadas na evolução pessoal e nos benefícios que a sua prática lhes propicia. A meditação oriental já é bastante conhecida no Ocidente pela prática da Yoga. Ela não será objeto de análise neste artigo, Será utilizada como pano de fundo para explicar os estudos científicos para se compreender o alcance de estados superiores da consciência.

As técnicas meditativas mais conhecidas no Ocidente foram desenvolvidas originalmente pelos místicos orientais, os iogues da Índia, os lamas do Tibete, os monges do Cáucaso, da China e do Japão. Os budistas do Oriente, e os do Ocidente, hoje disseminados por todo o mundo, são capazes de chegar a estados superiores da consciência graças a uma disciplina rígida a que se submetem durante anos. O estudo científico dos estados meditativos teve por objetivo compreender o funcionamento da mente e do cérebro durante os estados de vigília, de meditação leve e de meditação profunda. Foram utilizados sofisticados equipamentos eletrônicos para se medir as ondas cerebrais EEG (Aparelhagem de Eletro-encefalografia), durante a aplicação de impulsos sonoros e visuais que facilitavam a entrada no estado meditativo. Esses estudos científicos foram intensificados, a partir da década de 70 e eles têm jogado luzes sobre como se atingir a “mente em branco”. De lá para cá, muitos estudos têm sido feitos. Basta uma breve procura nos sites de busca para se inteirar da situação atual relativamente aos avanços na área.

A tradição da meditação egípcia é pouco conhecida no Ocidente, não há muito material informativo sobre ela, nem se tem tanta divulgação entre nós. Ela diferencia-se da tradição oriental relativamente aos seguintes aspectos: (1) forte focalização da atenção em um objetivo preciso; (2) intensidade da força mental emitida por um curto período de tempo; (3) posturas corporais que refletem a ação que se quer realizar; (4) letras ou palavras simbólicas em língua egípcia ou hebraica (e às vezes acompanhadas de cores), com o poder de fazer a comunicação com a alma. Mais adiante, serão apresentadas algumas meditações egípcias, enfatizando-se a sua funcionalidade e operacionalidade.

Categorias de Ondas Cerebrais e Meditação

As ondas cerebrais correspondem ao número de pulsos (pacotes de informação) que um neurônio – ou grupo de neurônios – emite por segundo. Chamamos a isso de ciclos e medimos quantos desses pacotes de informação são emitidos a cada segundo, o que nos dá a freqüência de onda, medida em Hertz (Hz).

Existem cinco tipos de ondas cerebrais: beta, alfa, teta, delta e gama. A última é de difícil medição pelos aparelhos convencionais e só aparece em cérebros de pessoas com longos anos de meditação e que trazem para o cotidiano as ondas gama. No cérebro, os agrupamentos de células nervosas podem chegar às centenas de milhões agindo sincronicamente, em uníssono.

A onda beta, (acima de 14 Hz) está associada com a atividade consciente racional, ou seja, o estado de vigília, quando estamos acordados. Alfa (de 9 a 13 Hz), responde pelo estado de relaxamento e relaxamento profundo, que produz ondas alfa de alta amplitude, com maior produção de imagens; onda teta (de 4 a 8 Hz), relaxamento profundo e meditação, em que o material subconsciente de nossas mentes ganha conteúdo e significado, é um estado de sonolência ou “sonhar acordado”. E, por último, delta (abaixo de 3 Hz), é o tipo de onda, característica do sono profundo, sem sonhos. Essa onda, quando é produzida em maior intensidade na vigília, responde pelas funções da percepção intuitiva – ela constitui o nosso “radar” – e empatia, sendo, neurologicamente falando, o repositório do inconsciente individual e coletivo.

Estudos recentes sobre as ondas cerebrais iluminam aspectos importantes relacionados à meditação e evidenciam que tipos de ondas cerebrais predominam em estados mentais específicos. O estudo sobre ondas cerebrais aqui apresentado apóia-se, em parte, nas informações do material de divulgação do site http://www.centerpointe.com/, dirigido por Bill Harris, estudioso que desenvolveu, com base em estudos científicos, o material eletrônico Holosync, destinado a aumentar as sinapses nervosas, com a conseqüente evolução do cérebro e da consciência . Por meio desse material de áudio, as ondas cerebrais podem ser eletronicamente induzidas e produzir, por meio de diferentes níveis, estados de meditação, cada vez mais profundos e curativos.

No estado mental com predominância de onda beta (acima de 14 Hz), ocorrem estados de concentração, de alerta e de cognição equilibrada, característicos da vigília e da racionalidade consciente. O cérebro funciona com lateralidade, ou seja, com dualidades e predominância do hemisfério esquerdo, na maioria das pessoas, o qual é responsável pela racionalidade e pelo pensamento concreto. Com o cérebro em ondas beta, pode-se trabalhar e estudar bem e com eficiência. No estado beta exacerbado, por sua vez, a pessoa se concebe como separada do universo, das pessoas e da natureza. Este é o estado em que a maioria das pessoas comuns se encontra. Por outro lado, altos níveis de onda cerebral beta estão associados com ansiedade, mal estar e falta de adaptabilidade, sentimentos de separação e de luta ou fuga. Há liberação de cortisol, de adrenalina e de outros componentes químicos que alteram o funcionamento mental e físico. Estes, por sua vez, ocasionam sentimentos de isolamento, tristeza, ansiedade e depressão, compensado pela necessidade de exercer controle e poder sobre outras pessoas seja em família ou no trabalho. Assim, no contínuo máximo de amplitude das ondas betas, pode ocorrer desequilíbrio energético pela lateralização de energias, causadoras dos mencionados danos físicos e psíquicos. É difícil se concentrar e de se meditar nesse estado mental. Entretanto, é justamente nesse estado mental, que mais se necessita sincronizar os dois hemisférios cerebrais, sem necessidade de medicação e de psicoterapia. Vale ressaltar que ansiedade e depressão mórbidas, exigem cuidados médicos, pois a meditação não tem efeito imediato, apesar dos avanços tecnológicos na área (ver http://www.centerpointe.com/).

No livro Curar: o Stress, a Ansiedade a Depressão Sem Medicamento Nem Psicanálise, do neuropsiquiatra David Servan-Schreiber, tem-se um ótimo guia para se saber como a meditação interfere no nosso sistema nervoso autônomo, em especial, nas doenças cardiovasculares e emocionais. O título traz uma séria advertência para "usuários”, médicos e pacientes da medicina tradicional para o tratamento das doenças emocionais, por meio de drogas, tão em voga na era moderna. Seu livro apresenta uma visão holística e integradora da medicina das emoções. David recomenda outra abordagem nesse tipo doenças. Ele refere-se à prática de tratamentos alternativos conhecidos, mas que até agora não tinham o referencial estabelecido pela ciência. Segundo David, o corpo tem um instinto básico que o inclina para a cura, profundamente ligado ao nosso próprio instinto de sobrevivência.

Este conceito autocura também se apóia no modelo de Ilya Prigogine, apesar de não figurar explicitamente no livro. O “Modelo dos Sistemas não Lineares Abertos” já se encontra tão generalizado que muitos o utilizam, especialmente os terapeutas holísticos, sem saber os seus fundamentos que baseiam sua prática. Em termos muito simplificados e gerais, Prigogine. afirma que o que parece óbvio: toda unidade orgânica e em mutação, em diferentes graus e níveis de complexidade, recebe energia do meio ambiente (energia cósmica, alimentos, água, energias sutis, energias negativas). Em contrapartida, todas essas unidades eliminam e consomem energia (trabalho, realizações, excreções, eliminação de radicais livres e de detritos). O que ocorre entre o recebimento e troca de energia são complexos mecanismos físico-químicos em diferentes níveis e dimensões. O organismo normal é capaz de eliminar satisfatoriamente os negativos e as agressões à sua estabilidade. Entretanto, quando a carga recebida é maior do que a que pode ser eliminada (altíssimo nível de ondas beta com descarga de adrenalina, cortisol e de outros hormônios), o organismo entra em descontrole e passa por uma bifurcação. Ou a pessoa é capaz de transformar essa energia e elevá-la a outro nível, o que caracterizaria um “salto quântico” em suas estruturas neurais, ou então sucumbe e raramente volta a ser o que era antes. Nossa vida diária está repleta de exemplos tanto no plano emocional quanto no físico. Poderia ser o caso da morte de um filho, de uma separação, etc. No plano físico, o estado terminal de um doente caracteriza-se por essa desestruturação generalizada das forças regenerativas, o que levaria o organismo à morte do corpo físico.

Há pessoas com mais ou menos resistência a esses desequilíbrios energéticos. Isso vai depender da matriz ou estruturas psíquicas ou mapas mentais que elas desenvolveram ao longo desta ou de outras vidas e que funcionam como filtros para a percepção de sua realidade. Em vista disso, é recomendável que essas pessoas façam, pelo menos, duas coisas para se captar a energia vital, que se obtém de graça no universo: dormir muito bem e praticar a meditação como forma de sincronizar os dois hemisférios cerebrais e de atingirníveis mais elevados de consciência. Isso vai ocasionar-lhes mais integração com o meio, mais participação e inclusão social, mais criatividade, e acima de tudo, mais felicidade.

As ondas alfa, gama e, especialmente a delta, proporcionam a captação de energia cósmica (a energia do amor universal) e a secreção de hormônio como a serotonina. Nesse estado mental, despertam-se níveis profundos de intimidade, de criatividade, de segurança, de conectividade com tudo e com todos. Muito importante para fins educacionais, profissionais é a significativa aceleração da aprendizagem, a melhora da memória e a retenção da informação.

No estado mental com predominância de onda alfa (8 a 13,9 Hz), ocorrem relaxamento, aprendizagem acelerada, estado de transe superficial e aumento significativo da produção de serotonina. Essas ondas cerebrais caracterizam o estado que antecede o sono e o acordar, a meditação e o início do acesso à mente inconsciente. Na meditação superficial (ondas alfa e gama) há um desligamento leve dos sentidos, com a perda parcial das noções espácio-temporais e atenuação do consciente sensorial. Nesse estado mental, pode ocorrer possível surgimento do inconsciente pessoal e contato com a linguagem da alma por meio de símbolos e energias que certas palavras e cores evocam.

No estado mental com predominância de ondas teta (4 a 7,9 Hz), ocorre o sono profundo com o movimento rápido dos olhos _ movimento REM - Rapid Yes Movement. A criatividade torna-se evidente e há um aumento significativo da produção de catecolaminas, vitais para a aprendizagem e a memória em estado de descanso e de repouso. É por esse motivo que se aconselha a se colocar música de relaxamento para ocorrer níveis acelerados de aprendizagem. Pelo contrário, quando há estresse e ansiedade e ondas beta exacerbadas, esses compostos químicos, derivados do aminoácido tirosina, secretam adrenalina, noradrenalina e dopamina. Como hormônios, essas substâncias são produzidas pela glândula supra-renal em situação de estresse mental e psicológico ou com a hipoglicemia. Pode-e imaginar o desastre que ocorre em sala de aula, ou em outra situação de aprendizagem quando as pessoas se sentem amedrontadas e estressadas. O padrão de onda teta, por sua vez, caracteriza experiências integrativas e emocionais positivas. Nesse tipo de onda cerebral as experiências começam a ganhar o terreno do místico e da espiritualidade com sonhos lúcidos, transe, meditação profunda e acesso à mente inconsciente.

No estado mental com predominância de ondas delta (1 a 3,9 Hz),ocorrem o sono pesado, sem sonho, a produção do hormônio do crescimento e a captação da energia vital, responsável pela vitalidade do corpo e pela sensação de bem estar físico. No plano místico, pode acontecer estados de transe profundo, a perda da sensação do corpo e do controle da consciência corporal. Nesse estado, pode haver acesso inconsciente à mente do inconsciente coletivo e aumento significativo da evolução espiritual e da consciência. Por meio da meditação profunda pode haver contato direto com o inconsciente pessoal, e em pessoas espiritualmente evoluídas, pode ocorrer o acesso ao inconsciente coletivo. Dificilmente as pessoas que apresentem nível normal e médio de espiritualidade conseguem acessar o inconsciente coletivo conscientemente. Elas adormecem profundamente e não se recordam de nada. Nesse último estágio de ondas delta, de sono profundo, geralmente inconsciente, ocorrem a captação de energia cósmica e o equilíbrio dos chacras nos corpos físico e multidimensionais. No corpo físico, há liberação de hormônios necessários à saúde física, mental e emocional das pessoas.

Vale aqui ressaltar que há uma interdependência complementar entre o físico e o místico. Assim como o esportista treina horas diárias para obter um bom rendimento físico em suas competições, o aspirante a uma espiritualidade evoluída deve treinar a sua mente, por meio da meditação diária, em todas as modalidades que lhe permitam ter acesso à mente em branco e ao inconsciente pessoal e coletivo, por intermédio da linguagem simbólica da alma.

Há, ainda, as ondas gama que não figuram ainda na literatura médica porque se trata de um padrão muito raro de acontecer. Esse tipo de onda só aparece em exames de pessoas que treinam muito o cérebro.

Antes, havia somente o eletroencefalograma, como na época do Dr. Gerald Oster, pioneiro na área. Hoje, a ressonância magnética e a tomografia computadorizada mapeiam regiões do cérebro com mais riquezas de detalhes, tornando-se mais fácil observar e entender o seu funcionamento e funções das ondas durante o estado meditativo.

Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin-Madison, também é um pesquisador da área e faz pesquisas em conjunto com o Instituto Mente e Vida, dirigida por Dalai Lama. Davidson investigou e comparou a atividade eletroencefalográfica de monges budistas tibetanos com um grupo que não meditava, mas que foi treinado uma semana antes da experiência.

Durante a meditação foi detectado o aparecimento de ondas cerebrais de grande amplitude, conhecidas como ondas gama (27 Hz em diante) nos exames dos monges. Esse tipo de onda só foi encontrado em praticantes com muitíssimos anos de prática meditativa e que apresentam grande concentração de atividade de neurônios. É curioso observar que, depois da prática de meditação dos monges, as ondas gama continuavam presentes no cérebro deles.

O estudo de Richard Davidson serviu para comprovar os efeitos terapêuticos da meditação e para mostrar a diferença entre o cérebro de uma pessoa normal e o cérebro de uma pessoa que trabalha a mente muitas horas por dia. O estudo mostra que os monges, mesmo não quando não estão em meditação, eles estão extremamente focados, vivendo o presente. Por isso as pessoas que meditam diariamente por muito tempo são mais concentradas.

Meditação egípcia

A tradição da meditação não é bem conhecida no Ocidente, nem tem fácil divulgação entre nós. A meditação egípcia caracteriza-se pelos seguintes aspectos: (1) forte focalização da atenção em um objetivo preciso; (2) intensidade da força mental emitida por um curto período de tempo; (3) posturas corporais que refletem a ação que se quer realizar; (4) letras ou palavras simbólicas em língua egípcia ou hebraica (e às vezes acompanhadas de cores), com o poder de fazer a comunicação com a alma.

Meditação egípcia

Conhecimentos preliminares

Cinco passos para se alcançar a sabedoria

· O SILÊNCIO, sem o qual não se pode escutar;

· A ESCUTA ou percepção sagrada;

· A MEMÓRIA, por ter sempre presente o saber;

· A PRÁTICA, ao se manter sempre em ação;

· O ENSINARA para servir e compartilhar.

Projeção da intenção:

· Inspirar profundamente, enchendo os pulmões com oxigênio;

· Concentrar-se na questão, focalizando o pensamento;

· Pensar no objetivo, retendo a respiração;

· Produzir uma energia positiva e mentalizar a palavra que expressa o símbolo;

· Expirar.

Estágios da meditação

1. SILÊNCIO, denominado HITBODEBUT (o silêncio interior com ausência de pensamento). O silêncio significa a morte.

2-ANOJI é uma força da kabbalah que nos ajuda a encontrar a solidão que acompanha o HITBODETUT.

Exemplos de meditação egípcia

Meditação para se equilibrar as energias

· Respirar profundamente 10 vezes;

· Mentalizar a letra hebraica “VAV” que significa unir e que corresponde à carta do tarô egípcio nº 6 - Namorados;

· Sentir a cor verde;

· Reter um pouco o ar nos pulmões;

· Expirar;

· Repetir o procedimento 10 vezes.

Meditação antes de dormir: preparação do sono

· Sentar-se em uma cadeira de madeira com os pés descalços e mãos sobre os joelhos;

· Colocar a mente em branco, desligando-se do mundo objetivo;

· Concentrar-se e colocar toda a sua atenção nas letras ou mantras e tudo o que pode se emanar delas;

· Observar e anotar os sonhos e verificar a existência de premonições.

Meditação para colocar a mente em ordem

ARISH OBET AR

· Para ordenar a mente e ser produtivo no que se faz;

· Para saber tomara as decisões corretas e com sabedoria, conhecendo o melhor caminho.

Meditação para ligar-se com pessoas e coisas

SHEN NU

· Para fazer atendimentos de cura, criando-se sintonia entre as duas pessoas;

· Para integrar-se com o outro ou algo (alguma temática com a qual se tem dificuldade, com o pensamento de um autor, com algum familiar afastado de você emocionalmente, etc.).

Meditação para desbloquear a energia das coisas e para que tudo corra bem

GAMZÊ LE TOVÁH

· Quando nos ocorre algo que nos parece ruim, devemos pensar e mentalizar o mantra GAMZÊ LE TOVÁH, para que este acontecimento se transforme em algo que nos seja útil.

· Devemos colocar uma intenção positiva na situação, o KAVANARCH, a fim de que haja equilíbrio.

· Todo místico cabalista não entra em conflito porque ele está envolvido com a mística de acreditar que tudo é para o seu bem (ASHÉM IRÊ (Deus verá).

Meditação para se alcançar nível superior de consciência

· Indagar-se: MA ANI (QUEM SOU EU?). Este é o início do estágio místico;

· Respirar profundamente 10 vezes;

· Entrar em um estado aonde se perde a noção de tempo e espaço;

· Ter a sensação de que tudo fica quente e agradável;

· Neste momento, pensar na palavra ANOJI, mantra que significa “EU SOU”.

Meditação para se conseguir dinheiro ou resolver uma situação aflitiva iminente

que tem de ser resolvida rapidamente

KE SEF

ASHÉM IRÊ

· Ao amanhecer, sentado (a) em uma cadeira de madeira, com os pés descalços no chão;

· Mentalizar as palavras KE, concentrando-se na mão direita;

· Mentalizar a palavra SEF, concentrando-se na mão esquerda;

· Imaginar duas bolas: uma dourada na mão direita e outra prateada na esquerda;

· Mentalizar cada bola com cada palavra nas respectivas mãos: (1) mão direita, bola dourada e a palavra KE; (2) mão esquerda, bola prateada e a palavra SEF;

· Depois, fechar os olhos, levar as duas mãos para frente do corpo, juntá-las e mentalizar as palavras JOF (pronuncia-se RROF) e ASHÉM IRÊ (Deus verá ou Deus proverá).

· Os cabalistas interpretam esse mantra como aquele que deve ser usado em situações extremamente difíceis, como Abraão ao oferecer em sacrifício o seu filho Isac. Nessas circunstâncias, cabe-nos somente uma conduta de fé: temos de manter a idéia, com fé extrema, de que algo de bom vai acontecer e que vai nos tirar daquela situação.

Meditação com as emanações da Árvore da Vida, com a supervisão de um mestre cabalista

VER IMAGEM NO SITE: google.com.br/imgres?

As SEPHIROTH da Árvore da Vida são enumeradas de 1 a 10 e representam emanações da energia divina.

· Na Árvore, as Sephiroth se distribuem em 3 pilares (imaginários) que representam os 3 grandes princípios: ATIVIDADE, PASSIVIDADE E EQUILÍBRIO.

· As emanações divinas das Shepiroth são as seguintes:

1- KETHER – Emanação do poder criativo invisível. Energia espiritual auto-existente, eterna, suprema – PTAH

2- CHOHMAH - Emanação da energia Sabedoria – AMON

3- BINAH – Emanação da energia Compreensão – ÍSIS

4- CHESED – Emanação da energia solidez e da ordem – MAAT

5- GEVURAG – Emanação da energia atividade e manifestação, força – HÓRUS

6- TIFÉRET – Emanação da energia da evolução e da beleza – RA

7- NETZACH – Emanação da energia da atração, da vitória – OSIRIS

8- HOD – Emanação da energia da metamorfose , do fluxo – ANUBIS

9- YESOD – Emanação da energia do plano astral, dos fundamentos – SHU

10- MALCHUT – Emanação da energia do plano manifesto (elementos fogo, ar água e terra).

MÉTODO PARA SE ENTRAR EM MALCHUT (tradição cabalística da escola do Mestre Jorge Aguer)

· Sentar-se ou ficar de pé, colocando-se as mãos como se elas estivessem pegando dois bastões. Esse procedimento contribui para se manter o contado com o real e a lucidez.

· Primeiramente, concentrar-se na palavra MENTEZ.

· Enquanto se mentaliza o mantra MENTEZ, manter um pequeno balanço, da direita para a esquerda.

· Com o balanço, e a mentalização do mantra, entra-se em um estado de êxtase.

· Ao sentir que a identidade se perde, mentaliza-se a palavra MALCHUT.

· Quando se entra em MALCHUT, produz-se uma enorme mudança interior.Tudo muda:a harmonia dos movimentos, o ritmo da respiração, a perda do medo da natureza e vice-versa, a comunicabilidade com o meio e com os elementos.

Outras tradições meditativas

No Ocidente, as tradições cristãs e as esotéricas também desenvolveram práticas meditativas. Cada uma dessas tradições as utiliza à sua maneira e ao tipo de convicção. Nos mosteiros, ela é praticada por aqueles que almejam alcançar níveis elevados de consciência e de iluminação. Esses seres iluminados pela evolução espiritual passam a ser denominados “santos” pelas instituições que os abrigam, após longo processo de canonização, como é o caso da igreja católica.

Neste artigo, apresentamos uma visão atualizada da prática meditativa. Concentramo-nos no conceito de atenção focalizada, de ondas cerebrais e de meditação, apresentando as inovações científicas e tecnológicas pelas quais a mística e a medicina têm passado. Toda essa mudança se deve ao conhecimento advindo de um vastíssimo número de estudos e pesquisas sobre ondas cerebrais de pessoas com longo currículo de meditação por dezenas de anos.

Não advogamos a prática da meditação somente com recursos tecnológicos. Acreditamos que se isso for feito, trata-se antes de relaxamento e não de meditação propriamente dita, de acordo com a conceituação aqui adotada. Mesmo esse relaxamento, pré-requisito para a meditação profunda, traz benefícios inegáveis para a saúde física e mental dos praticantes. Mais de mil pesquisas já provaram que a meditação é o recurso mais poderoso para diminuir o estresse e criar paz interior nesses tempos tão tumultuados.

Em vista desses resultados científicos contundentes, a agência do governo dos EUA responsável pelas pesquisas médicas (NIH, na sigla em inglês) reconheceu formalmente a meditação como prática terapêutica que pode ser associada à medicina convencional. No Brasil também, o Ministério da Saúde brasileiro baixou uma portaria em que incentiva postos de saúde e hospitais públicos a oferecer a meditação em todo o País. Isso está acontecendo, também com certa freqüência nos grandes centros hospitalares, e tem merecido a atenção da mídia em vários veículos de comunicação. A temática “Meditação e Saúde” foi veiculada recentemente (outubro de 2010) em um programa televisivo de grande audiência denominado “Globo Repórter”.

Com relação à mística, os resultados das pesquisas não são tão evidentes e nem poderiam ser. A mística não pretende ser científica. Ela se refere a outra classe de fenômenos que diz respeito ao acesso à linguagem simbólica da alma, a um nível maior de consciência e de inclusão e de interação com tudo e com todos. Por sua natureza intrínseca, a mística escapa ao interesse e à compreensão da maioria das pessoas. Isto é normal e deve ser assim. Atribui-se a esse fato, à complexidade e a diversidade que caracterizam os seres humanos.

Pode-se constatar que, com relação à mística, há algumas certezas e muitas indagações. Sabe-se, com certeza, que os cérebros de praticantes iogues, peritos nessa arte, são diferentes do das pessoas comuns. Como resultado, muitas delas mantêm-se focadas, produzindo o mesmo tipo de ondas cerebrais características de estado de meditação profunda, em estado de vigília. Elas apresentam, sobretudo, familiaridade com a linguagem simbólica da alma, o que lhes confere alto grau de integração com tudo e com todos, acentuada intuição e o domínio de outras habilidades consideradas místicas.

Pelo que foi apresentado até aqui, constata-se que a meditação é uma prática de extrema importância para se conseguir o progresso tanto no plano interior e místico quanto no plano físico para se viver com saúde e equilíbrio físico e mental. Ela facilita o conhecimento sobre si mesmo nos três planos que constituem o caráter e a personalidade humana: os planos intelectual, físico e psíquico. Além disso, a meditação profunda facilita a reformulação pessoal, o aprofundamento interior para se corrigir e se aperfeiçoar continuamente em busca da evolução tanto espiritual quanto intelectual. Cremos, entretanto, que os aspectos mais relevantes da meditação são permitir alcançar níveis superiores de consciência, com base em auto-avaliações e redirecionamentos de condutas e de atitudes. Graças ao maior nível de consciência, podemos nos libertar do jugo das idéias que nos foram impostas desde a nossa infância e que formam os quadros mentais que condicionam nossa maneira de sentir, de perceber o mundo e de interagir com ele.

Referências bibliográficas

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LAPIERRE, P.David e Dubro, Peggy Phoenix (2007). A evolução Elegante: a expansão da consciência – o seu portal para o hiperespaço. São Paulo, Editora Madras.

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PRIGOGINE, Ilya. (with G. Nicolis). (1977).Self-Organization in Non-Equilibrium Systems: From Dissipative Structures to Order Through Fluctuations. J. Wiley & Sons, New York.

RIBEIRO,Patrícia. (http://yogajournal.terra.com.br/show_yoga.php?id=198

SALMIECH, Charles Groc de (2005). La Méditation en 10 leçons. Paris, De Vecchi.

SHARON, Begley (2007) .Train Your Mind, Change Your Brain: How a New Science Reveals Our Extraordinary Potential to Transform Ourselves.

SERVAM-SCHREIBER, David. (2004). Curar: o Stress, a Ansiedade e a Depressão sem Medicamento nem Psicanálise. São Paulo, Sá Editora.

From Mind & Life XII (2004): Neuroplasticity: The Neuronal Substrates of Learning and Transformation.

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quinta-feira, 14 de junho de 2007

Aprendendo a aprender

A pesquisa científica tem revelado muito sobre o funcionamento da mente e sobre o modo como nós percebemos tanto a realidade externa quanto a interna. Os avanços científicos mostram como a mente está ligada ao corpo por meio da percepção e da intencionalidade. Em vista disso, a aplicação desse conhecimento constitui um recurso inestimável quando se pretende reorientar padrões de comportamentos, seja na vida pessoal ou em setores mais pragmáticos como o educacional e empresarial.

Oficinas desenvolvidas com objetivos específicos no âmbito da aprendizagem acelerada objetivam aumentar as faculdades cognitivas superiores como a memória, a criatividade, os diversos tipos de inteligência, além de nos fornecer indícios de nossas próprias estratégias de aprendizagem. Essa metodologia que só agora começa a ser mais difundida no Brasil aplica os conhecimentos das neurociências e das ciências cognitivas ao ensino regular e corporativo(Gardner, H., Frames of Mind: The Theory of Multiple Inteligence.
A metodologia Aprendizagem Acelerada faz uso de técnicas para o desenvolvimento da auto-observação, da atenção focalizada, da memória, da criatividade, da inteligência e até mesmo da consciência (Wenger, Win, The Einstein Factor, www.projectrenaissance.com, www.mindandlifeinstitute.com).
Essas técnicas apóiam-se no uso de todo o cérebro: do hemisfério esquerdo mais lógico e racional, do hemisfério direito mais criativo e imagético, e do cérebro primitivo, mais conhecido como sistema límbico, responsável pela regulação dos sistemas vitais e, principalmente, pela emoção.

Ao tomar ciência de como a mente funciona, o aprendiz torna-se co-autor de sua aprendizagem. Ele estabelece as suas metas e acrescenta ao que deseja aprender imagens, cores sons, sabores e sentimentos. Assim, as suas potencialidades cognitivas aumentam devido à criação de novas redes neurais mais e de modelos mentais mais ricos e sofisticados, prontos a serem acionados no desempenho de tarefas complexas.
Em vista disso, a aplicação dessa metodologia proporciona um ganho considerável em todos os setores da sociedade quando o objetivo é atingir excelência no desempenho em qualquer situação. O princípio básico desse tipo de metodologia é aprender a aprender. Essa concepção de educação visa ao desenvolvimento integral do ser humano e à sua evolução enquanto pessoa social e historicamente situada. Conseqüentemente, as atividades vivenciadas pelos aprendizes influenciam a capacidade de eles resolverem novos problemas com lucidez e consciência. Isto significa, em outros termos, aumento da inteligência e da evolução pessoal dos envolvidos no processo da aprendizagem

terça-feira, 15 de maio de 2007

Como desenvolver a atenção focalizada? Isto é possível?

Pode-se desenvolver a atenção focalizada como meio de se alcançar objetivos diversos: atingir níveis profundos na prática meditativa, diminuir o estresse e a ansiedade ou ainda melhorar a atuação na escola, universidade ou empresa. Comecemos pelo exame da temática em foco: o que é atenção focalizada? Em seguida, passamos à discussão de outra questão importante: como conseguir desenvolver essa capacidade cognitiva tão importante nos dias atuais devido à agitação de nossa época, aos ruídos contínuos que nos rodeiam e às condições materiais de nossa existência pouco favoráveis à vida interior?

Estou utilizando nesta discussão sobre a atenção alguns conceitos sobre a temática retirados do pequeno volume “La Méditations em 10 leçons” de Charles Groc de Salmiech. Paris, De Vecchi, 2005. Segundo esse autor que estudou a práticas meditativas orientais e se propôs a divulgá-las sem se ater a concepções religiosas ou esotéricas, a atenção é a faculdade que nos permite fixar o nosso pensamento sobre um objeto determinado durante certo lapso de tempo. A atenção é uma “tensão” em direção à mobilização da energia psíquica. Ela é a focalização do pensamento sobre um objeto determinado. Como tal, a atenção exige de nós atitudes ora passivas, ora ativas.

A atitude passiva é exigida, pois devemos estar receptivos à imagem ou idéia sobre a qual focalizamos o nosso pensamento. A atitude ativa, por sua vez, é requerida para registrar os detalhes e o todo do objeto de nossa meditação. A atitude ativa na focalização da atenção serve também para rejeitar as “distrações”, isto é, os elementos parasitas que tendem a invadir o nosso pensamento durante a meditação.

Assim, de acordo com o tipo de atitude assumida durante a atividade meditativa, podem-se distinguir dois tipos de concentração: a concentração emissiva e a concentração receptiva. A primeira permite-nos seguir o curso de nosso pensamento, sem que nos deixemos nos arrastar por eles, sem distrações. Se essa faculdade de concentração emissiva funciona mal, o encadeamento das idéias nos leva para longe de nosso foco e o tempo passa sem que o percebamos passar. Isso é particularmente danoso nas atividades escolares, acadêmicas e profissionais que exigem prazos e resultados.
Já a concentração receptiva permite-nos prolongar um ato consciente a fim de permitir que fiquemos inteiramente receptivos durante um período considerável de tempo. Por exemplo, é possível, por meio de treino adequado, ficar durante vários minutos sem que o cérebro passe à emissão. Essas duas formas de concentração representam dois aspectos de uma mesma faculdade cognitiva de domínio da mente

As técnicas meditativas foram desenvolvidas originalmente pelos místicos orientais, os iogues da Índia, os lamas do Tibete, os monges do Cáucaso, da China e do Japão. Os budistas do Oriente, e os do Ocidente, hoje disseminados por todo o mundo, são capazes de chegar a estados superiores da consciência graças a uma disciplina rígida a que se submetem durante anos.

No Ocidente, as tradições cristãs e as esotéricas também desenvolveram práticas meditativas. Cada uma dessas tradições as utiliza à sua maneira e de acordo com o sua convicção. Nos mosteiros, ela é praticada por aqueles que almejam alcançar níveis elevados de consciência e de iluminação. Esses seres iluminados pela evolução espiritual passam a ser denominados “santos” pelas instituições que os abrigam, após longo processo de canonização, como é o caso da igreja católica.

Entre nós, a meditação tem atraído a atenção tanto de cientistas – para verificar as modificações ocorridas no cérebro, e conseqüentemente no comportamento – quanto de um número cada vez maior de pessoas interessadas na evolução pessoal e nos benefícios que a sua prática lhes propicia.

Sabe-se que a meditação é um elemento importante para se conseguir o progresso tanto interior quanto exterior. Ela facilita o conhecimento sobre si mesmo nos três planos que constituem nosso caráter e nossa personalidade: os planos intelectual, físico e psíquico. Além disso, ela facilita a reformulação pessoal, o aprofundamento interior para se corrigir e se aperfeiçoar continuamente em busca da evolução tanto espiritual quanto intelectual. Creio, entretanto, que os aspectos mais importantes da meditação são permitir alcançar níveis superiores de consciência, com base em auto-avaliações e redirecionamentos de condutas e de atitudes. Graças ao maior nível de consciência, podemos nos libertar do jugo das idéias que nos foram impostas desde a nossa infância e que formam os quadros mentais que condicionam nossa maneira de sentir, de perceber o mundo e de interagir com ele.

No mundo profano, a meditação conseguida pela atenção focalizada ajuda a reflexão sobre problemas filosóficos, políticos e mesmo materiais. Podemos meditar sobre a maioria de atos e gestos do dia-a-dia, como a opção mais adequada no plano profissional, familiar e pessoal, ou mesmo a busca de uma melhor estratégia de venda.

Há diversas classificações e tipologias atribuídas à meditação, dependendo dos objetivos a que se propõem seus praticantes. Nessa discussão, vamos nos ater ao tipo de prática meditativa que requer o domínio do corpo pela mente. Isso é conseguido por meio de exercícios de tomada de consciência do corpo, seja dirigindo a atenção para as sensações internas, seja para as externas. Realizam-se atividades de focalização da atenção com o auxílio da respiração, em que se focalizam estados, imagens e impressões sensoriais mentais conscientes. Vale lembrar que essas imagens mentais não são somente visuais. Todos os outros sentidos deverão ser exercitados por meio da tomada da consciência. Assim, as atividades de meditação devem seguir um método e orientação de pessoas mais experientes e familiarizadas com esse tipo de prática.

No livro “La Méditation em 10 Lessons”, Salmiech apresenta os métodos e as descobertas de dois médicos pesquisadores: o Dr. Caycedo e o Dr. Vitoz. Dr. Caycedo foi um médico psiquiatra e neurologista (1932) que pesquisou e registrou durante dois anos práticas meditativas das mais diversas tradições orientais. Ele elaborou um método baseado nos princípios vivenciados durante a viagem ao Oriente e estudou os efeitos da meditação sobre o comportamento.

Esse pesquisador adiantou-se às pesquisas atuais da neurociência e da psicologia cognitiva (http://www.mindandlife.org/conf04.html), Tendo vivenciado ele mesmo as práticas meditativas durante cinco anos ele registrou os resultados alcançados. Depois de avaliados os resultados, ele elaborou o método denominado “relaxamento dinâmico” fundado em três grandes linhas espirituais do Oriente: o “relaxamento dinâmico de concentração” (inspirado na ioga), o “relaxamento dinâmico contemplativo” (inspirado no budismo) e o “relaxamento dinâmico meditativo” (inspirado no zen japonês). Maiores detalhes sobre o método, consultar o site http://www.sofrologia.com/so_metodo.htm.

Já o Dr. Vittoz (1863 – 1925) foi um médico suíço, especialista no tratamento de uma forma de neurastenia que se caracteriza pela perda do controle cerebral sem lesões orgânicas. Foi um dos pioneiros no tratamento com as bioenergias. Para restabelecer a unidade entre o consciente e o inconsciente, « controle cerebral », o Dr. Vittoz propõe um método que se apóia no desenvolvimento da consciência: (1) primeiramente, sobre as funções sensoriais e corporais; (2) depois, sobre funções mais complexas como a concentração e a vontade; (2) finalmente, sobre a consciência das emoções.

O paciente, acompanhado de seu terapeuta, descobre exercícios com os quais ele toma consciência: do seu funcionamento cerebral, do seu grau de desvio e de sua atitude pessoal em querer melhorar. Graças à prática de exercícios simples, o Método permite: (1) desenvolver a consciência corporal e sensorial. (2) melhorar a concentração e a memorização; (3) acolher as emoções e as idéias que invadem o momento atual e melhor gerenciá-las.

Os que praticam o Método Vittoz garantem que não se trata de um método de relaxamento, mas de uma técnica de reeducação do controle cerebral e do domínio de si mesmo. A reeducação começa por atos conscientes que fazemos durante o dia: andar, ver uma imagem, sentir o odor de uma flor, abrir uma porta, apreender uma paisagem ou a presença física de uma pessoa. Todos esses atos banais que fazemos devem se tornar conscientes. Devemos nos concentrar sobre as funções sensoriais requeridas para realizar as ações do cotidiano realizadas automática e inconscientemente como o apoiar os pés no chão, o sentir a temperatura e a constituição física dos objetos, etc.

Após essa fase de concentração receptiva do exterior, passa-se a exercícios voltados para a percepção interior. Constituem exemplos dessa atividade: perceber o próprio corpo, escutar a respiração e a pulsação do sangue nas veias, concentrar-se sobre uma imagem mental dinâmica de grafismos como o signo do infinito, números, letras, etc., passando-se, em seguida, para a concentração sobre uma idéia que precisa ser focalizada, seja de natureza prática, filosófica, política ou familiar.

Por último, vem a reeducação psíquica: exercícios para a memória, exame das perspectivas de vida e, sobretudo, neutralização dos pensamentos negativos por meio de uma higiene mental: afastar as idéias e pessoas negativas, criar novos modelos mentais positivos. Essa nova atitude permite ao paciente viver intensamente o momento presente, não no passado ou no futuro.
Apresentamos nessa discussão uma introdução ao conceito da atenção focalizada relacionando-a a práticas meditavas desvinculadas de cunho religioso ou dogmático. Foram apresentados os métodos de dois médicos preocupados com a recuperação neurológica de seus pacientes, o Dr. Caycedo e o Dr. Vittoz. Em uma próxima postagem, tentarei discutir a atenção focalizada relacionando-a a objetivos educacionais.
Cirlene Magalhães

domingo, 13 de maio de 2007

12ª Conferência do Instituto Mente e Vida (Índia,2004)

Transcrevo, abaixo, a versão provisória do resumo de abertura da 12ª Conferência do Instituto Mente e Vida (Mind and Life Institute) e da primeira conferência apresentada no evento científico realizado na Índia, em 2004, sobre a temática Neuroplasticidade. Um dos objetivos do encontro foi o de conciliar o conhecimento oriental sobre as práticas da meditação com os avanços das pesquisas das ciências cognitivas Para ler o texto original, consulte, por favor, o site:
http://www.mindandlife.org/conf04.html.

12ª Conferência do Instituto Mente e Vida (Mind and Life Institute)
12 a 22 de Outubro de 2004
Dharamsala, India

Resumo da abertura do encontro:
Neuroplasticidade: transformando a mente e mudando o cérebro
Richard J. Davidson

A neuroplasticidade refere-se a mudanças estruturais e funcionais ocorridas no cérebro devido aos efeitos do treinamento e da experiência. O cérebro é um órgão programado para mudar em resposta à experiência. Na última década, as pesquisas sobre a Neuroplasticidade na neurociência e na psicologia têm germinado e conduzido a conclusões sobre novas e diferentes maneiras como o cérebro, o comportamento e a experiência mudam em função da experiência.

Esta problemática básica sobre a plasticidade cerebral está sendo estudada em diferentes níveis, diferentes espécies e diferentes escalas de tempo. Até agora, toda a investigação chega, invariavelmente, à conclusão de que o cérebro não é estático. Pelo contrário, ele é dinâmico e variável e sofre mudanças durante toda uma vida de um indivíduo. Os cientistas presentes a este encontro representam os vários níveis de análise em que essas questões têm sido investigadas. As pesquisas sobre a plasticidade estrutural do cérebro revelam o modo como a composição real do cérebro adulto do mamífero está constantemente mudando, bem como os fatores que influenciam tais mudanças.
Outros estudos no nível molecular revelam como a química do DNA pode ser alterada pela experiência de modo a afetar a estrutura dos genes. Além disso, tal mudança na química do DNA pode ser produzida por experiências sociais que, por sua vez, modificam a expressão do gene de modo que as mudanças podem persistir por toda a vida. Esses resultados têm implicações radicais pelo fato de conceptualizar a interação dinâmica entre natureza e criação. No nível macro do sistema cerebral, será discutida a pesquisa que demonstra como as funções sensoriais, perceptivas e lingüísticas são modificadas pela experiência. E mais. Como os sistemas neurais que subjazem a esses comportamentos complexos são transformados por meio de alterações da experiência que ocorrem na primeira fase da vida.

A função emocional também é significativamente moldada pela experiência. As relações sociais do adulto são, em parte, também determinadas por experiências da primeira infância. Será discutido o modo como essas influências ocorrem, bem como os mecanismos cerebrais que estariam subjacentes a tais mudanças. Os indivíduos diferem em seu modo característico de reagir a situações emocionais. Tais diferenças individuais podem ser significativamente moldadas pela experiência e por determinados tipos de treinamento. O papel do treinamento contemplativo na transformação da mente emocional será examinado por alguns pesquisadores. Contudo, a questão mais importante a ser tratada durante o encontro será a natureza do treino mental e o seu impacto potencial sobre o cérebro e o comportamento.

O treinamento mental parece ser muito mais enfatizado nas tradições contemplativas orientais do que na tradição científica do ocidente. Outro assunto importante a ser considerado refere-se aos períodos mais favoráveis para se interferir na produção de mudanças plásticas do cérebro para promover o funcionamento saudável da estrutura cerebral. Finalmente, serão consideradas as implicações filosóficas deste domínio da ciência.

Richard J. Davidson, coordenador científico da 12ª Conferência do Mind and Life Institute, apresenta sucintamente os trabalhos e os objetivos da semana. Ele faz uma breve introdução das perspectivas adotadas pelos estudiosos sobre neuroplasticidade e exerce a função de moderador.

Download MLXII: Neuroplasticity Brochure PDF
Coordinador CientíficoRichard J. Davidson, Ph.D., Vilas Research Professor and William James Professor of Psychology and Psychiatry, University of Wisconsin-Madison
Participantes:Tenzin Gyatso, His Holiness, the XIVth Dalai Lama of TibetRichard J. Davidson, Ph.D., Vilas Research Professor and William James Professor of Psychology and Psychiatry, University of Wisconsin-MadisonR. Adam Engle, J.D., M.B.A., CEO and Chairman of the Mind and Life Institute, and General Coordinator of the Mind and Life conferencesFred H. Gage, Ph.D., Adler Professor, Laboratory of Genetics, The Salk Institute, San DiegoMichael J. Meaney, Ph.D., James McGill Professor, McGill University, MontrealKazuo Murakami, Ph.D., Emeritus Professor, Tsukuba University, Tsukuba, JapanyHelen J. Neville, Ph.D., The Robert and Beverly Lewis Endowed Chair, University of OregonMatthieu Ricard, Ph.D., Author and Buddhist monk at Shechen Monastery in Kathmandu and French interpreter since 1989 for His Holiness the Dalai LamaPhillip R. Shaver, Ph.D., Professor and Chair of the Department of Psychology, University of California, DavisEvan Thompson, Ph.D., Canada Research Chair in Cognitive Science and the Embodied Mind, York University, Toronto
InterpretersGeshe Thupten Jinpa, Ph.D., President and Chief Editor for The Classics of Tibet Series produced by the Institute of Tibetan Classics in MontrealB. Alan Wallace, Ph.D., President, The Santa Barbara Institute for Consciousness Studies

Resumo da primeira conferência:
Mudanças Estruturais no Cérebro Adulto Face à Experiência
Fred H. Gage


Para aqueles que como nós estudamos o sistema nervoso, o cérebro é o órgão do corpo que controla nosso comportamento. Essa crença significa que o que pensamos e o que fazemos resulta do processamento da informação feito pelo cérebro e dirige a ação, sob a influência das experiências vividas.

Devido a essa suposição básica, o modelo mais comum de analogia de como o cérebro funciona é o do computador. Embora essa analogia possa ter um valor heurístico, ela está provavelmente errada ou, pelo menos, apresenta muitas limitações. O cérebro é como outro órgão qualquer, como o fígado, o coração ou o rim: ele é feito de substâncias químicas, células e tecido. Funciona por intermédio de células individuais que se comunicam química e eletricamente. O real desafio dos neurônios no cérebro é calcular (interpretar) a informação transmitida temporal e espacialmente e enviar a mensagem interpretada para o próximo neurônio em um circuito de informação. O pensamento e o comportamento resultam da agregação desta informação que passa pelo circuito neural e que é processada. Um dos argumentos principais a favor da analogia do cérebro como uma máquina estável ou computador era o de que tal analogia ajudava a explicar como nós podemos nos lembrar de coisas em instâncias diversas. Como isso é possível se a estrutura subjacente do cérebro estava mudando continuamente?
No que se refere ao assunto, se o cérebro é o centro da consciência (F. Crick), como é possível manter uma auto-identidade se o cérebro não é estável? No entanto, aprendemos que o cérebro é fisicamente instável. Isso é provavelmente uma boa coisa. A instabilidade estrutural, documentada no cérebro, pode ser necessária para se prover a capacidade extra de se lidar com a complexidade. Além disso, a instabilidade dá suporte à adaptação e à flexibilidade ou à “plasticidade” (na nomenclatura dos neurocientistas) necessárias para se lidar com os múltiplos desafios enfrentados no decorrer de toda a vida.
Resumirei, nesta apresentação, nosso entendimento atual sobre a plasticidade estrutural que persiste no cérebro do mamífero adulto e discutirei as experiências, o padrão comportamental, e as drogas que podem mudar nosso cérebro e, portanto, nosso comportamento.

Aprendizagem, Atenção focalizada e Neuroplasticidade

Como desenvolver a atenção focalizada? Isto é possível na escola?

A resposta às duas questões é sim. É possível desenvolver a atenção focalizada com objetivos educacionais por meio de atividades e de treinamentos sistemáticos que serão apresentados, por amostragem, em outra ocasião. Não estamos advogando o retorno ao behaviorismo. Pelo contrário. Trata-se da aplicação pedagógica dos princípios cognitivos que regem o funcionamento da mente no âmbito das ciências cognitivas.
A atenção focalizada é indispensável no processo da aprendizagem em todos os níveis e modalidades de ensino. Ela pode ser desenvolvida por meio da experiência sensorial reiterada e da interação com o ambiente, criando-se novas redes neurais que favorecem o domínio da mente e a retenção do conhecimento. Sabemos que a capacidade da atenção afeta diretamente as nossas vidas, pois determina o nível de proficiência com que realizamos as atividades, sejam elas de natureza acadêmica, profissional ou familiar.
Acreditamos com base nos preceitos da ciência cognitiva, ciência dos sistemas inteligentes, que a modificação da dinâmica cerebral pode ser alcançada por meio da realização de oficinas pedagógicas com atividades corporais e sensoriais simples, contudo eficazes. Tais oficinas visam desenvolver a atenção, a concentração, a reflexão, com significativa melhora de funções cognitivas como a leitura, a escrita, a memorização e, em especial, a criatividade e a elevação do nível da consciência.

Estou denominando vivências corpo-mente as atividades experienciais sistemáticas e contínuas que promovem alterações estruturais e funcionais no cérebro, com conseqüentes modificações nas funções cognitivas. O termo experiência é usado aqui no sentido amplo para mostrar como o corpo está na mente. Essa concepção de experiência inclui as dimensões de base perceptual, emocional, histórica, social e lingüística

Para responder parte da segunda questão faz-se necessário conhecer a temática neuroplasticidade, ou seja, a modificação da estrutura e da função do cérebro sob a perspectiva cognitiva. A neuroplasticidade, também denominada plasticidade cerebral ou plasticidade cortical, refere-se às mudanças que ocorrem na organização do cérebro, e particularmente, as que ocorrem na localização de funções específicas do processamento de informações, como resultado do efeito da aprendizagem e da experiência. Uma conseqüência comum e surpreendente da plasticidade cerebral é a de que uma determinada função “move” de um local a outro no cérebro devido à repetição de uma aprendizagem de base perceptual, principalmente visual e espacial, ou a um trauma físico local. Um site interessante e com informações científicas sobre a temática é http://www.mindandlife.org/conf04.html