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quinta-feira, 14 de junho de 2007

Aprendendo a aprender

A pesquisa científica tem revelado muito sobre o funcionamento da mente e sobre o modo como nós percebemos tanto a realidade externa quanto a interna. Os avanços científicos mostram como a mente está ligada ao corpo por meio da percepção e da intencionalidade. Em vista disso, a aplicação desse conhecimento constitui um recurso inestimável quando se pretende reorientar padrões de comportamentos, seja na vida pessoal ou em setores mais pragmáticos como o educacional e empresarial.

Oficinas desenvolvidas com objetivos específicos no âmbito da aprendizagem acelerada objetivam aumentar as faculdades cognitivas superiores como a memória, a criatividade, os diversos tipos de inteligência, além de nos fornecer indícios de nossas próprias estratégias de aprendizagem. Essa metodologia que só agora começa a ser mais difundida no Brasil aplica os conhecimentos das neurociências e das ciências cognitivas ao ensino regular e corporativo(Gardner, H., Frames of Mind: The Theory of Multiple Inteligence.
A metodologia Aprendizagem Acelerada faz uso de técnicas para o desenvolvimento da auto-observação, da atenção focalizada, da memória, da criatividade, da inteligência e até mesmo da consciência (Wenger, Win, The Einstein Factor, www.projectrenaissance.com, www.mindandlifeinstitute.com).
Essas técnicas apóiam-se no uso de todo o cérebro: do hemisfério esquerdo mais lógico e racional, do hemisfério direito mais criativo e imagético, e do cérebro primitivo, mais conhecido como sistema límbico, responsável pela regulação dos sistemas vitais e, principalmente, pela emoção.

Ao tomar ciência de como a mente funciona, o aprendiz torna-se co-autor de sua aprendizagem. Ele estabelece as suas metas e acrescenta ao que deseja aprender imagens, cores sons, sabores e sentimentos. Assim, as suas potencialidades cognitivas aumentam devido à criação de novas redes neurais mais e de modelos mentais mais ricos e sofisticados, prontos a serem acionados no desempenho de tarefas complexas.
Em vista disso, a aplicação dessa metodologia proporciona um ganho considerável em todos os setores da sociedade quando o objetivo é atingir excelência no desempenho em qualquer situação. O princípio básico desse tipo de metodologia é aprender a aprender. Essa concepção de educação visa ao desenvolvimento integral do ser humano e à sua evolução enquanto pessoa social e historicamente situada. Conseqüentemente, as atividades vivenciadas pelos aprendizes influenciam a capacidade de eles resolverem novos problemas com lucidez e consciência. Isto significa, em outros termos, aumento da inteligência e da evolução pessoal dos envolvidos no processo da aprendizagem

terça-feira, 15 de maio de 2007

Como desenvolver a atenção focalizada? Isto é possível?

Pode-se desenvolver a atenção focalizada como meio de se alcançar objetivos diversos: atingir níveis profundos na prática meditativa, diminuir o estresse e a ansiedade ou ainda melhorar a atuação na escola, universidade ou empresa. Comecemos pelo exame da temática em foco: o que é atenção focalizada? Em seguida, passamos à discussão de outra questão importante: como conseguir desenvolver essa capacidade cognitiva tão importante nos dias atuais devido à agitação de nossa época, aos ruídos contínuos que nos rodeiam e às condições materiais de nossa existência pouco favoráveis à vida interior?

Estou utilizando nesta discussão sobre a atenção alguns conceitos sobre a temática retirados do pequeno volume “La Méditations em 10 leçons” de Charles Groc de Salmiech. Paris, De Vecchi, 2005. Segundo esse autor que estudou a práticas meditativas orientais e se propôs a divulgá-las sem se ater a concepções religiosas ou esotéricas, a atenção é a faculdade que nos permite fixar o nosso pensamento sobre um objeto determinado durante certo lapso de tempo. A atenção é uma “tensão” em direção à mobilização da energia psíquica. Ela é a focalização do pensamento sobre um objeto determinado. Como tal, a atenção exige de nós atitudes ora passivas, ora ativas.

A atitude passiva é exigida, pois devemos estar receptivos à imagem ou idéia sobre a qual focalizamos o nosso pensamento. A atitude ativa, por sua vez, é requerida para registrar os detalhes e o todo do objeto de nossa meditação. A atitude ativa na focalização da atenção serve também para rejeitar as “distrações”, isto é, os elementos parasitas que tendem a invadir o nosso pensamento durante a meditação.

Assim, de acordo com o tipo de atitude assumida durante a atividade meditativa, podem-se distinguir dois tipos de concentração: a concentração emissiva e a concentração receptiva. A primeira permite-nos seguir o curso de nosso pensamento, sem que nos deixemos nos arrastar por eles, sem distrações. Se essa faculdade de concentração emissiva funciona mal, o encadeamento das idéias nos leva para longe de nosso foco e o tempo passa sem que o percebamos passar. Isso é particularmente danoso nas atividades escolares, acadêmicas e profissionais que exigem prazos e resultados.
Já a concentração receptiva permite-nos prolongar um ato consciente a fim de permitir que fiquemos inteiramente receptivos durante um período considerável de tempo. Por exemplo, é possível, por meio de treino adequado, ficar durante vários minutos sem que o cérebro passe à emissão. Essas duas formas de concentração representam dois aspectos de uma mesma faculdade cognitiva de domínio da mente

As técnicas meditativas foram desenvolvidas originalmente pelos místicos orientais, os iogues da Índia, os lamas do Tibete, os monges do Cáucaso, da China e do Japão. Os budistas do Oriente, e os do Ocidente, hoje disseminados por todo o mundo, são capazes de chegar a estados superiores da consciência graças a uma disciplina rígida a que se submetem durante anos.

No Ocidente, as tradições cristãs e as esotéricas também desenvolveram práticas meditativas. Cada uma dessas tradições as utiliza à sua maneira e de acordo com o sua convicção. Nos mosteiros, ela é praticada por aqueles que almejam alcançar níveis elevados de consciência e de iluminação. Esses seres iluminados pela evolução espiritual passam a ser denominados “santos” pelas instituições que os abrigam, após longo processo de canonização, como é o caso da igreja católica.

Entre nós, a meditação tem atraído a atenção tanto de cientistas – para verificar as modificações ocorridas no cérebro, e conseqüentemente no comportamento – quanto de um número cada vez maior de pessoas interessadas na evolução pessoal e nos benefícios que a sua prática lhes propicia.

Sabe-se que a meditação é um elemento importante para se conseguir o progresso tanto interior quanto exterior. Ela facilita o conhecimento sobre si mesmo nos três planos que constituem nosso caráter e nossa personalidade: os planos intelectual, físico e psíquico. Além disso, ela facilita a reformulação pessoal, o aprofundamento interior para se corrigir e se aperfeiçoar continuamente em busca da evolução tanto espiritual quanto intelectual. Creio, entretanto, que os aspectos mais importantes da meditação são permitir alcançar níveis superiores de consciência, com base em auto-avaliações e redirecionamentos de condutas e de atitudes. Graças ao maior nível de consciência, podemos nos libertar do jugo das idéias que nos foram impostas desde a nossa infância e que formam os quadros mentais que condicionam nossa maneira de sentir, de perceber o mundo e de interagir com ele.

No mundo profano, a meditação conseguida pela atenção focalizada ajuda a reflexão sobre problemas filosóficos, políticos e mesmo materiais. Podemos meditar sobre a maioria de atos e gestos do dia-a-dia, como a opção mais adequada no plano profissional, familiar e pessoal, ou mesmo a busca de uma melhor estratégia de venda.

Há diversas classificações e tipologias atribuídas à meditação, dependendo dos objetivos a que se propõem seus praticantes. Nessa discussão, vamos nos ater ao tipo de prática meditativa que requer o domínio do corpo pela mente. Isso é conseguido por meio de exercícios de tomada de consciência do corpo, seja dirigindo a atenção para as sensações internas, seja para as externas. Realizam-se atividades de focalização da atenção com o auxílio da respiração, em que se focalizam estados, imagens e impressões sensoriais mentais conscientes. Vale lembrar que essas imagens mentais não são somente visuais. Todos os outros sentidos deverão ser exercitados por meio da tomada da consciência. Assim, as atividades de meditação devem seguir um método e orientação de pessoas mais experientes e familiarizadas com esse tipo de prática.

No livro “La Méditation em 10 Lessons”, Salmiech apresenta os métodos e as descobertas de dois médicos pesquisadores: o Dr. Caycedo e o Dr. Vitoz. Dr. Caycedo foi um médico psiquiatra e neurologista (1932) que pesquisou e registrou durante dois anos práticas meditativas das mais diversas tradições orientais. Ele elaborou um método baseado nos princípios vivenciados durante a viagem ao Oriente e estudou os efeitos da meditação sobre o comportamento.

Esse pesquisador adiantou-se às pesquisas atuais da neurociência e da psicologia cognitiva (http://www.mindandlife.org/conf04.html), Tendo vivenciado ele mesmo as práticas meditativas durante cinco anos ele registrou os resultados alcançados. Depois de avaliados os resultados, ele elaborou o método denominado “relaxamento dinâmico” fundado em três grandes linhas espirituais do Oriente: o “relaxamento dinâmico de concentração” (inspirado na ioga), o “relaxamento dinâmico contemplativo” (inspirado no budismo) e o “relaxamento dinâmico meditativo” (inspirado no zen japonês). Maiores detalhes sobre o método, consultar o site http://www.sofrologia.com/so_metodo.htm.

Já o Dr. Vittoz (1863 – 1925) foi um médico suíço, especialista no tratamento de uma forma de neurastenia que se caracteriza pela perda do controle cerebral sem lesões orgânicas. Foi um dos pioneiros no tratamento com as bioenergias. Para restabelecer a unidade entre o consciente e o inconsciente, « controle cerebral », o Dr. Vittoz propõe um método que se apóia no desenvolvimento da consciência: (1) primeiramente, sobre as funções sensoriais e corporais; (2) depois, sobre funções mais complexas como a concentração e a vontade; (2) finalmente, sobre a consciência das emoções.

O paciente, acompanhado de seu terapeuta, descobre exercícios com os quais ele toma consciência: do seu funcionamento cerebral, do seu grau de desvio e de sua atitude pessoal em querer melhorar. Graças à prática de exercícios simples, o Método permite: (1) desenvolver a consciência corporal e sensorial. (2) melhorar a concentração e a memorização; (3) acolher as emoções e as idéias que invadem o momento atual e melhor gerenciá-las.

Os que praticam o Método Vittoz garantem que não se trata de um método de relaxamento, mas de uma técnica de reeducação do controle cerebral e do domínio de si mesmo. A reeducação começa por atos conscientes que fazemos durante o dia: andar, ver uma imagem, sentir o odor de uma flor, abrir uma porta, apreender uma paisagem ou a presença física de uma pessoa. Todos esses atos banais que fazemos devem se tornar conscientes. Devemos nos concentrar sobre as funções sensoriais requeridas para realizar as ações do cotidiano realizadas automática e inconscientemente como o apoiar os pés no chão, o sentir a temperatura e a constituição física dos objetos, etc.

Após essa fase de concentração receptiva do exterior, passa-se a exercícios voltados para a percepção interior. Constituem exemplos dessa atividade: perceber o próprio corpo, escutar a respiração e a pulsação do sangue nas veias, concentrar-se sobre uma imagem mental dinâmica de grafismos como o signo do infinito, números, letras, etc., passando-se, em seguida, para a concentração sobre uma idéia que precisa ser focalizada, seja de natureza prática, filosófica, política ou familiar.

Por último, vem a reeducação psíquica: exercícios para a memória, exame das perspectivas de vida e, sobretudo, neutralização dos pensamentos negativos por meio de uma higiene mental: afastar as idéias e pessoas negativas, criar novos modelos mentais positivos. Essa nova atitude permite ao paciente viver intensamente o momento presente, não no passado ou no futuro.
Apresentamos nessa discussão uma introdução ao conceito da atenção focalizada relacionando-a a práticas meditavas desvinculadas de cunho religioso ou dogmático. Foram apresentados os métodos de dois médicos preocupados com a recuperação neurológica de seus pacientes, o Dr. Caycedo e o Dr. Vittoz. Em uma próxima postagem, tentarei discutir a atenção focalizada relacionando-a a objetivos educacionais.
Cirlene Magalhães

domingo, 13 de maio de 2007

12ª Conferência do Instituto Mente e Vida (Índia,2004)

Transcrevo, abaixo, a versão provisória do resumo de abertura da 12ª Conferência do Instituto Mente e Vida (Mind and Life Institute) e da primeira conferência apresentada no evento científico realizado na Índia, em 2004, sobre a temática Neuroplasticidade. Um dos objetivos do encontro foi o de conciliar o conhecimento oriental sobre as práticas da meditação com os avanços das pesquisas das ciências cognitivas Para ler o texto original, consulte, por favor, o site:
http://www.mindandlife.org/conf04.html.

12ª Conferência do Instituto Mente e Vida (Mind and Life Institute)
12 a 22 de Outubro de 2004
Dharamsala, India

Resumo da abertura do encontro:
Neuroplasticidade: transformando a mente e mudando o cérebro
Richard J. Davidson

A neuroplasticidade refere-se a mudanças estruturais e funcionais ocorridas no cérebro devido aos efeitos do treinamento e da experiência. O cérebro é um órgão programado para mudar em resposta à experiência. Na última década, as pesquisas sobre a Neuroplasticidade na neurociência e na psicologia têm germinado e conduzido a conclusões sobre novas e diferentes maneiras como o cérebro, o comportamento e a experiência mudam em função da experiência.

Esta problemática básica sobre a plasticidade cerebral está sendo estudada em diferentes níveis, diferentes espécies e diferentes escalas de tempo. Até agora, toda a investigação chega, invariavelmente, à conclusão de que o cérebro não é estático. Pelo contrário, ele é dinâmico e variável e sofre mudanças durante toda uma vida de um indivíduo. Os cientistas presentes a este encontro representam os vários níveis de análise em que essas questões têm sido investigadas. As pesquisas sobre a plasticidade estrutural do cérebro revelam o modo como a composição real do cérebro adulto do mamífero está constantemente mudando, bem como os fatores que influenciam tais mudanças.
Outros estudos no nível molecular revelam como a química do DNA pode ser alterada pela experiência de modo a afetar a estrutura dos genes. Além disso, tal mudança na química do DNA pode ser produzida por experiências sociais que, por sua vez, modificam a expressão do gene de modo que as mudanças podem persistir por toda a vida. Esses resultados têm implicações radicais pelo fato de conceptualizar a interação dinâmica entre natureza e criação. No nível macro do sistema cerebral, será discutida a pesquisa que demonstra como as funções sensoriais, perceptivas e lingüísticas são modificadas pela experiência. E mais. Como os sistemas neurais que subjazem a esses comportamentos complexos são transformados por meio de alterações da experiência que ocorrem na primeira fase da vida.

A função emocional também é significativamente moldada pela experiência. As relações sociais do adulto são, em parte, também determinadas por experiências da primeira infância. Será discutido o modo como essas influências ocorrem, bem como os mecanismos cerebrais que estariam subjacentes a tais mudanças. Os indivíduos diferem em seu modo característico de reagir a situações emocionais. Tais diferenças individuais podem ser significativamente moldadas pela experiência e por determinados tipos de treinamento. O papel do treinamento contemplativo na transformação da mente emocional será examinado por alguns pesquisadores. Contudo, a questão mais importante a ser tratada durante o encontro será a natureza do treino mental e o seu impacto potencial sobre o cérebro e o comportamento.

O treinamento mental parece ser muito mais enfatizado nas tradições contemplativas orientais do que na tradição científica do ocidente. Outro assunto importante a ser considerado refere-se aos períodos mais favoráveis para se interferir na produção de mudanças plásticas do cérebro para promover o funcionamento saudável da estrutura cerebral. Finalmente, serão consideradas as implicações filosóficas deste domínio da ciência.

Richard J. Davidson, coordenador científico da 12ª Conferência do Mind and Life Institute, apresenta sucintamente os trabalhos e os objetivos da semana. Ele faz uma breve introdução das perspectivas adotadas pelos estudiosos sobre neuroplasticidade e exerce a função de moderador.

Download MLXII: Neuroplasticity Brochure PDF
Coordinador CientíficoRichard J. Davidson, Ph.D., Vilas Research Professor and William James Professor of Psychology and Psychiatry, University of Wisconsin-Madison
Participantes:Tenzin Gyatso, His Holiness, the XIVth Dalai Lama of TibetRichard J. Davidson, Ph.D., Vilas Research Professor and William James Professor of Psychology and Psychiatry, University of Wisconsin-MadisonR. Adam Engle, J.D., M.B.A., CEO and Chairman of the Mind and Life Institute, and General Coordinator of the Mind and Life conferencesFred H. Gage, Ph.D., Adler Professor, Laboratory of Genetics, The Salk Institute, San DiegoMichael J. Meaney, Ph.D., James McGill Professor, McGill University, MontrealKazuo Murakami, Ph.D., Emeritus Professor, Tsukuba University, Tsukuba, JapanyHelen J. Neville, Ph.D., The Robert and Beverly Lewis Endowed Chair, University of OregonMatthieu Ricard, Ph.D., Author and Buddhist monk at Shechen Monastery in Kathmandu and French interpreter since 1989 for His Holiness the Dalai LamaPhillip R. Shaver, Ph.D., Professor and Chair of the Department of Psychology, University of California, DavisEvan Thompson, Ph.D., Canada Research Chair in Cognitive Science and the Embodied Mind, York University, Toronto
InterpretersGeshe Thupten Jinpa, Ph.D., President and Chief Editor for The Classics of Tibet Series produced by the Institute of Tibetan Classics in MontrealB. Alan Wallace, Ph.D., President, The Santa Barbara Institute for Consciousness Studies

Resumo da primeira conferência:
Mudanças Estruturais no Cérebro Adulto Face à Experiência
Fred H. Gage


Para aqueles que como nós estudamos o sistema nervoso, o cérebro é o órgão do corpo que controla nosso comportamento. Essa crença significa que o que pensamos e o que fazemos resulta do processamento da informação feito pelo cérebro e dirige a ação, sob a influência das experiências vividas.

Devido a essa suposição básica, o modelo mais comum de analogia de como o cérebro funciona é o do computador. Embora essa analogia possa ter um valor heurístico, ela está provavelmente errada ou, pelo menos, apresenta muitas limitações. O cérebro é como outro órgão qualquer, como o fígado, o coração ou o rim: ele é feito de substâncias químicas, células e tecido. Funciona por intermédio de células individuais que se comunicam química e eletricamente. O real desafio dos neurônios no cérebro é calcular (interpretar) a informação transmitida temporal e espacialmente e enviar a mensagem interpretada para o próximo neurônio em um circuito de informação. O pensamento e o comportamento resultam da agregação desta informação que passa pelo circuito neural e que é processada. Um dos argumentos principais a favor da analogia do cérebro como uma máquina estável ou computador era o de que tal analogia ajudava a explicar como nós podemos nos lembrar de coisas em instâncias diversas. Como isso é possível se a estrutura subjacente do cérebro estava mudando continuamente?
No que se refere ao assunto, se o cérebro é o centro da consciência (F. Crick), como é possível manter uma auto-identidade se o cérebro não é estável? No entanto, aprendemos que o cérebro é fisicamente instável. Isso é provavelmente uma boa coisa. A instabilidade estrutural, documentada no cérebro, pode ser necessária para se prover a capacidade extra de se lidar com a complexidade. Além disso, a instabilidade dá suporte à adaptação e à flexibilidade ou à “plasticidade” (na nomenclatura dos neurocientistas) necessárias para se lidar com os múltiplos desafios enfrentados no decorrer de toda a vida.
Resumirei, nesta apresentação, nosso entendimento atual sobre a plasticidade estrutural que persiste no cérebro do mamífero adulto e discutirei as experiências, o padrão comportamental, e as drogas que podem mudar nosso cérebro e, portanto, nosso comportamento.

Aprendizagem, Atenção focalizada e Neuroplasticidade

Como desenvolver a atenção focalizada? Isto é possível na escola?

A resposta às duas questões é sim. É possível desenvolver a atenção focalizada com objetivos educacionais por meio de atividades e de treinamentos sistemáticos que serão apresentados, por amostragem, em outra ocasião. Não estamos advogando o retorno ao behaviorismo. Pelo contrário. Trata-se da aplicação pedagógica dos princípios cognitivos que regem o funcionamento da mente no âmbito das ciências cognitivas.
A atenção focalizada é indispensável no processo da aprendizagem em todos os níveis e modalidades de ensino. Ela pode ser desenvolvida por meio da experiência sensorial reiterada e da interação com o ambiente, criando-se novas redes neurais que favorecem o domínio da mente e a retenção do conhecimento. Sabemos que a capacidade da atenção afeta diretamente as nossas vidas, pois determina o nível de proficiência com que realizamos as atividades, sejam elas de natureza acadêmica, profissional ou familiar.
Acreditamos com base nos preceitos da ciência cognitiva, ciência dos sistemas inteligentes, que a modificação da dinâmica cerebral pode ser alcançada por meio da realização de oficinas pedagógicas com atividades corporais e sensoriais simples, contudo eficazes. Tais oficinas visam desenvolver a atenção, a concentração, a reflexão, com significativa melhora de funções cognitivas como a leitura, a escrita, a memorização e, em especial, a criatividade e a elevação do nível da consciência.

Estou denominando vivências corpo-mente as atividades experienciais sistemáticas e contínuas que promovem alterações estruturais e funcionais no cérebro, com conseqüentes modificações nas funções cognitivas. O termo experiência é usado aqui no sentido amplo para mostrar como o corpo está na mente. Essa concepção de experiência inclui as dimensões de base perceptual, emocional, histórica, social e lingüística

Para responder parte da segunda questão faz-se necessário conhecer a temática neuroplasticidade, ou seja, a modificação da estrutura e da função do cérebro sob a perspectiva cognitiva. A neuroplasticidade, também denominada plasticidade cerebral ou plasticidade cortical, refere-se às mudanças que ocorrem na organização do cérebro, e particularmente, as que ocorrem na localização de funções específicas do processamento de informações, como resultado do efeito da aprendizagem e da experiência. Uma conseqüência comum e surpreendente da plasticidade cerebral é a de que uma determinada função “move” de um local a outro no cérebro devido à repetição de uma aprendizagem de base perceptual, principalmente visual e espacial, ou a um trauma físico local. Um site interessante e com informações científicas sobre a temática é http://www.mindandlife.org/conf04.html

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Aprendizagem acelerada

É possível oferecer serviços profissionais difenciados e de qualidade, com base nos mais recentes avanços sobre a cognição humana e sobre a plasticidade cerebral na formação tanto de alunos quanto de professores. Assim, apresentamos uma alternativa eficaz para a crescente demanda de serviços de consultoria para que se aprenda mais em menos tempo, base da metodologia denominada aprendizagem acelerada.
Como se sabe, a sociedade moderna caracteriza-se por um desenvolvimento científico em constante mutação e pela necessidade de um conhecimento maior e mais profundo de seus profissionais. Essa situação de demanda por excelência exige, por um lado, que escolas e universidades formem profissionais competentes e habilidosos; por outro, que as empresas se conscientizem da necessidade de uma formação continuada dos profissionais já em exercício. Como aprender mais em menos tempo? Isso é possível?A pesquisa científica tem revelado muita coisa sobre como o corpo humano percebe a realidade e como a nossa racionalidade está ligada intrinsicamente ao corpo. Assim, ao se conhecer o funcionamento do cérebro e da memória criam-se oportunidades de aprender com técnicas hoje conhecidas com o nome de Aprendizagem Acelerada. Essas técnicas proporcionam o uso de todo o cérebro, nos seus dois hemisférios e de forma a aumentar a criatividade e a capacidade cognitiva dos envolvidos no processo de aprendizagem.

Atenção focalizada e desempenho profissional

A sociedade contemporânea vive complexas relações de interdependencia cultural, tecnológica e econômica. Ela se caracteza por mudanças culturais e tecnológicas aceleradas e constantes, além de impor aos indivíduos padrões de comportamento diferenciados em cada rede de relacionamento do qual participam desde a primeira infância. Em vista disso, nas diversas esferas de convívio social - seja na família, na escola, na empresa e na comunidade - exige-se o desenvolvimento de competências pessoais e interpessoais, conhecimento técnico e tecnológicos e, sobretudo, a necessidade de focalização da atenção e da concentração para gerir conflitos e resolver problemas.

Poucas coisas afetam mais nossas vidas que nossa capacidade de atenção. Se não conseguirmos focalizar nossa atenção, seja devido à agitação interior ou à indolência, não podemos fazer nada bem feito. E em tempos de alta competividade, quem dominar bem o funcionamento de sua mente, terá melhores chances na vida pessoal, escolar e profissional.